A CAIXA DE PANDORA
(Este artigo foi publicado no jornal A Tribuna no dia 14/03/06, escrito por Beto Colombo)
Pense naqueles momentos em que nada dá certo, parecendo que o universo inteiro conspira contra você, contra seu negócio, sua família, sua saúde. No dito popular, desgraça pouca é bobagem. Ou então: a desgraça sempre vem acompanhada.
Na mitologia, diz-se que se abriu a Caixa de Pandora. Mas afinal, o que é essa Caixa de Pandora?
Conta-se que Prometeu avisou seu irmão Epimeteu:
- Tome cuidado com os presentes de Júpiter. Já há algum tempo que ele anda furioso comigo porque ousei roubar o fogo dos céus para levá-lo aos homens.
Mas enquanto isso, no Olimpo, Júpiter já havia ordenado a Vulcano que criasse uma nova criatura, que fosse parelha para o homem. Diante do pedido, ele e Minerva criaram uma linda mulher, quase tão bela quanto a mais bela das deusas. E Minerva a apresentou ao Pai Júpiter, sugerindo o nome de Pandora.
Júpiter, o pai dos deuses, antes de dispensar a criatura, chamou-a a um canto e disse que tinha uma caixa como presente e que ela não poderia ser aberta em hipótese nenhuma.
Pandora, com sua caixa, se apresenta diante de Epimeteu e sua curiosidade foi mais forte. À noite estendeu a mão imediatamente sobre seu presente. Não podendo mais conter o seu desejo, ergueu a tampa numa volúpia insana de curiosidade que lhe pôs na espinha um arrepio gelado. Nem bem a tampa se abriu e Pandora viu escapar algo a princípio sem forma, parecendo que todos os ventos do mundo escapavam desordenadamente dali na pressa da fuga. Depois surgiram vários rostos deformados, retratando todos os vícios que viriam acometer, no futuro, a alma humana. A gula, a inveja, avareza, arrogância, crueldade, egoísmo. Todos os defeitos humanos dançavam uma ciranda infernal sobre sua cabeça, até que, arremessando-se à caixa, conseguiu finalmente fechá-la. Mas o mal já estava feito e Pandora olhou e viu no fundo da caixa uma única criatura com um rosto maravilhoso, belo e eternamente jovem. Chamou-se esperança e foi assim, com esse valioso presente, que Pandora se apresentou diante dos homens.
Tenho certeza que você já viveu ou presenciou momentos em que uma série de acontecimentos negativos rondou sua vida. O que fazer em momentos assim? Não sei se essa receita dá certo em todos os casos, assim como deu certo no meu caso.
Primeiro, tente entender o que esses sinais estão querendo te passar, te dizer, e tire proveito desse momento.
Segundo, não se precipite, pense por pelo menos sete dias antes de tomar uma decisão que dará novo rumo à sua vida, seu negócio, mas, por favor, não cometa o erro do comodismo e não caia na armadilha que tudo voltará a ser como era antes, isso não vai acontecer. As coisas precisam mudar e mudar pra melhor.
E se esses conselhos não servem, que tal os conselhos do Marquês de Alorna ao Rei de Portugal, Don José, após o terremoto que destruiu Lisboa em 1755?
Don José pergunta:
- O que devo fazer, Marquês?
E ele responde:
- Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos.
Ou seja: Sepultar os mortos: não adianta ficar chorando, reclamando o ocorrido, ele já é passado e deve ser sepultado.
Cuidar dos vivos: investir no presente, no que ficou, nas pessoas, nos vivos e fazer o que tiver que ser feito. Recomeçar.
Fechar os portos: não podemos cometer o mesmo erro e deixar acontecer de novo. Vamos nos fortalecer internamente e focar a reconstrução.
E lembre-se do que disse F. Nietzche “O que não nos mata, nos fortalece”.
Tudo morreu, tudo acabou. Lembre-se que a esperança não se acaba e não morre nunca.
quinta-feira, março 16, 2006
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Um comentário:
Eu adoro a lenda da caixa de Pandora. Muito embora ela, como a história de Adão e Eva, ponha a culpa de todos os pecados nas mulheres.
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