sábado, março 25, 2006

Winter, Summer, Fall, Spring.

Quel, foi vc quem me mandou as fotos - todas do mesmo lugar, diga-se de passagem. Mas eu as achei tão bonitas que quis colocar aqui, pra todo mundo ver tb. Beijo.


quinta-feira, março 23, 2006

Outra quinta-feira

"Vire o rosto em direção ao sol e as sombras ficarão para trás."
Jan Goldstein

quinta-feira, março 16, 2006

Poema de quinta-feira

Exausto

Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o sono profundo das espécies,
a graça de um estado.
Semente.
Muito mais que raízes.

Adélia Prado (in "Bagagem" São Paulo: Ed.Siciliano, 1993)

Caixa de Pandora

A CAIXA DE PANDORA
(Este artigo foi publicado no jornal A Tribuna no dia 14/03/06, escrito por Beto Colombo)

Pense naqueles momentos em que nada dá certo, parecendo que o universo inteiro conspira contra você, contra seu negócio, sua família, sua saúde. No dito popular, desgraça pouca é bobagem. Ou então: a desgraça sempre vem acompanhada.
Na mitologia, diz-se que se abriu a Caixa de Pandora. Mas afinal, o que é essa Caixa de Pandora?
Conta-se que Prometeu avisou seu irmão Epimeteu:
- Tome cuidado com os presentes de Júpiter. Já há algum tempo que ele anda furioso comigo porque ousei roubar o fogo dos céus para levá-lo aos homens.
Mas enquanto isso, no Olimpo, Júpiter já havia ordenado a Vulcano que criasse uma nova criatura, que fosse parelha para o homem. Diante do pedido, ele e Minerva criaram uma linda mulher, quase tão bela quanto a mais bela das deusas. E Minerva a apresentou ao Pai Júpiter, sugerindo o nome de Pandora.
Júpiter, o pai dos deuses, antes de dispensar a criatura, chamou-a a um canto e disse que tinha uma caixa como presente e que ela não poderia ser aberta em hipótese nenhuma.
Pandora, com sua caixa, se apresenta diante de Epimeteu e sua curiosidade foi mais forte. À noite estendeu a mão imediatamente sobre seu presente. Não podendo mais conter o seu desejo, ergueu a tampa numa volúpia insana de curiosidade que lhe pôs na espinha um arrepio gelado. Nem bem a tampa se abriu e Pandora viu escapar algo a princípio sem forma, parecendo que todos os ventos do mundo escapavam desordenadamente dali na pressa da fuga. Depois surgiram vários rostos deformados, retratando todos os vícios que viriam acometer, no futuro, a alma humana. A gula, a inveja, avareza, arrogância, crueldade, egoísmo. Todos os defeitos humanos dançavam uma ciranda infernal sobre sua cabeça, até que, arremessando-se à caixa, conseguiu finalmente fechá-la. Mas o mal já estava feito e Pandora olhou e viu no fundo da caixa uma única criatura com um rosto maravilhoso, belo e eternamente jovem. Chamou-se esperança e foi assim, com esse valioso presente, que Pandora se apresentou diante dos homens.
Tenho certeza que você já viveu ou presenciou momentos em que uma série de acontecimentos negativos rondou sua vida. O que fazer em momentos assim? Não sei se essa receita dá certo em todos os casos, assim como deu certo no meu caso.
Primeiro, tente entender o que esses sinais estão querendo te passar, te dizer, e tire proveito desse momento.
Segundo, não se precipite, pense por pelo menos sete dias antes de tomar uma decisão que dará novo rumo à sua vida, seu negócio, mas, por favor, não cometa o erro do comodismo e não caia na armadilha que tudo voltará a ser como era antes, isso não vai acontecer. As coisas precisam mudar e mudar pra melhor.
E se esses conselhos não servem, que tal os conselhos do Marquês de Alorna ao Rei de Portugal, Don José, após o terremoto que destruiu Lisboa em 1755?
Don José pergunta:
- O que devo fazer, Marquês?
E ele responde:
- Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos.
Ou seja: Sepultar os mortos: não adianta ficar chorando, reclamando o ocorrido, ele já é passado e deve ser sepultado.
Cuidar dos vivos: investir no presente, no que ficou, nas pessoas, nos vivos e fazer o que tiver que ser feito. Recomeçar.
Fechar os portos: não podemos cometer o mesmo erro e deixar acontecer de novo. Vamos nos fortalecer internamente e focar a reconstrução.
E lembre-se do que disse F. Nietzche “O que não nos mata, nos fortalece”.
Tudo morreu, tudo acabou. Lembre-se que a esperança não se acaba e não morre nunca.

quarta-feira, março 15, 2006

Voltei!!!

Nunca se deve deixar um defunto sozinho. Ou, se o fizermos , é recomendável tossir discretamente antes de entrar de novo na sala. Uma noite em que estava a sós com uma dessas descontentes criaturas, acabei aborrecendo-me(pudera!) e fui beber qualquer coisa no bar mais próximo. Pois nem queira saber...Quando voltei, quando entrei inopinadamente na sala, estava ele sentado no caixão, comendo sofregamente uma das quatro velas que o ladeavam! E só Deus sabe o constrangimento em que nos vimos os dois, os nossos míseros gestos de desculpa e os sorrisos amarelos que trocamos....
(Mário Quintana)

quarta-feira, março 08, 2006

No dia internacional da mulher

Esse texto é atribuído ao Arnaldo Jabor, embora na internet esse negócio de autoria sirva mais pra dar credibilidade ao que se lê do que para atribuir verdadeiramente as palavras ao seu dono. Aí vai, no nosso dia internacional (bobeira...), uma homenagem com um título, no mínimo, curioso.

"PRA CUMÊ MUIÉ"

Não fosse pelo microfone do repórter, poderia se dizer tratar-se de um filme bíblico. O sujeito estava todo coberto de lama, junto com mais 30 mil iguais a ele, escavando a terra lá em Serra Pelada. O documentário era antigo, é claro, mas passou na televisão outro dia. E o mineirinho ali, ao ser perguntado por que queria achar ouro e ficar rico, não pestanejou: "Pra cumê muié, uai!"

Claro. Que outro motivo ele teria? Só fiquei na dúvida se era para conquistar a sua mulher ou para transar com qualquer mulher. Provavelmente a segunda hipótese. O Cacá Rosset já tinha esta teoria há muitos anos: tudo que o homem faz, tudo, é com um único objetivo: cumê muié. O cara faz um esforço desgraçado para ficar rico pra quê? O sujeito quer ficar famoso pra quê? O indivíduo malha, faz exercícios pra quê? Mulher! Pode ser até a própria. Mas a verdade é que é a mulher o objetivo do homem. O pavão também é assim. Os animais são assim. Os bichos só pensam nisto. Já as bichas, pra cumê omi.

Fico imaginando aqueles ministros todos lá na posse e um dizendo para o outro, enquanto posam para fotografias: Vai rolar muita mulher aqui no pedaço. O jogador quando faz o gol pensa a mesma coisa. O artista em close na novela tem certeza. Aquele candidato a prefeito naquela cidadezinha. Para o que ele quer aquele pequeno poder? As mulheres, antigamente, ficavam trancadas dentro de casa e se tratavam e ficavam bonitas apenas para os seus homens. Aí começaram a dar liberdade pras danadas e deu no que deu. O mundo ganhou vida, além da beleza, é claro. Pode continuar a ler, minha querida, que as barbaridades vão parar por aqui. Pode parar de me achar machista, machão ou coisa parecida. Tudo que eu quis dizer é que o homem vive em função de você.

Vivem e pensam em você o dia inteiro, a vida inteira. Se você, mulher, não existisse, o mundo não teria ido pra frente. Homem algum iria fazer alguma coisa na vida para impressionar outro homem, para conquistar um sujeito igual a ele, de bigode e tudo. Um mundo só de homens seria o grande erro da criação. Já dizia a velha frase que atrás de todo homem bem-sucedido existe uma grande mulher. O dito está envelhecido. Hoje eu diria que na frente de todo homem bem-sucedido existe uma grande mulher.

É você, mulher, quem impulsiona o mundo. É você quem tem o poder, e não o homem. É você quem decide a compra do apartamento, a cor do carro, o filme a ser visto, o local das férias. É mesmo para você que vai o ouro extraído lá na lama. Bendita a hora em que você saiu da cozinha e, bem-sucedida, ficou na frente de todos os homens. E, se você que está lendo isto aqui for um homem, tente imaginar a sua vida sem nenhuma mulher. Aí na sua casa, onde você trabalha, na rua, nas telenovelas. Só homens. Já pensou? Filmes só com homens?

Romance sem uma Capitu ou uma Madame Bovary? Um casamento sem noiva? Um mundo sem cinturas e saboneteiras? Um mundo sem sogras? Enfim, um mundo sem metas. Tá certo o mineirinho de Serra Pelada. Todo o ouro do mundo para as mulheres. E, aos homens, um abraço.

domingo, março 05, 2006

Até que enfim!

Eu estava cansada de receber esse texto na net e discordar, infrutiferamente, dele, achando que as justificativas, na verdade, funcionavam mais para desvalorizar nossa cultura e valorizar o estrangeiro. Finalmente li alguém que concorda comigo. Aí vai o texto, seguido da crítica de Hélio Consolaro, articulista e criador do site Por trás das letras.

A inocência perdida das canções de ninar

Recebi de Manuel Raimundo de Souza Jr., o Nezito, uma crônica interessante veiculada pela rádio CBN. Outro e-mail atribui a autoria do texto à poetisa de Araçatuba Vilmara Belo.

Título: A inocência perdida das canções de ninar

(Texto publicado no Boletim da rádio CBN, em 2 de outubro de 2003)

Eu, uma brasileira morando nos Estados Unidos da América, para ajudar no orçamento estou fazendo “bico” de babá e estudo. Ao cuidar de uma das meninas, cantei “Boi da cara preta” para ela, antes dela dormir. Ela adorou e essa passou a ser a música que ela sempre pede para eu cantar ao colocá-la para dormir.

Antes de adotarmos o “boi, boi, boi” como canção de ninar, a canção que cantávamos (em Inglês) dizia algo como:

Boa noite, linda menina, durma bem./ Sonhos doces venham para você,/ Sonhos doces por toda noite”... (Que lindo!)

Eis que um dia Mary Helen me pergunta o que as palavras em português da música “Boi da cara preta” queriam dizer em inglês:

“Boi, boi, boi, boi da cara preta,/ pega essa menina que tem medo de careta...”/ Como eu ia explicar para ela e dizer que, na verdade, a música “Boi da cara preta” era uma ameaça, era algo como “dorme logo, senão o boi vem te comer”?

Como explicar que eu estava tentando fazer com que ela dormisse com uma música que incita um bovino de cor negra a pegar uma cândida menina?

Claro que menti para ela, mas comecei a pensar em outras canções infantis, pois não me sentiria bem ameaçando aquela menina com um temível boi toda noite... Que tal... “nana neném que a cuca vai pegar...”

Caramba... outra ameaça! Agora com um ser ainda mais maligno que um boi preto! Depois de uma frustrante busca por uma canção infantil do folclore brasileiro que fosse positiva e de uma longa reflexão, eu descobri toda a

origem dos problemas do Brasil. O problema do Brasil é que a sua população em geral tem uma auto-estima muito baixa. Isso faz com que os brasileiros se sintam sempre inferiores e ameaçados, passivos o suficiente para aceitar qualquer tipo de extorsão e exploração, seja interna ou externa. Por que isso acontece?

Trauma de infância! Trauma causado pelas canções da infância. Vou explicar: nós somos ameaçados, amedrontados, en-caramos tragédias desde o berço! Por isso levamos tanta porrada da vida e ficamos quietos. Exemplificarei minha tese: Atirei o pau no gato-tô-tô/ Mas o gato-tô-tô não morreu-reu-reu / Dona Chica-ca-ca admirou-se-se/ Do berrô, do berrô que o gato deu/ Miaaau!

Esse clássico do cancioneiro infantil é uma demonstração clara de falta de respeito aos animais (pobre gato) e crueldade. Por que atirar o pau no gato, essa criatura tão indefesa? E para acentuar a gravidade, ainda relata o sadismo dessa mulher sob a alcunha de “D. Chica”. Uma vergonha!

Eu sou pobre, pobre, pobre,/ De marré, marré, marré.

Eu sou pobre, pobre, pobre,/ De marré de si./ Eu sou rica, rica, rica,/ De marré, marré, marré./ Eu sou rica, rica, rica, De marré de si.

Colocar a realidade tão vergonhosa da desigualdade social em versos tão doces!! É impossível não lembrar do seu amiguinho rico da infância com um carrinho de controle remoto, e você brincando com seu carrinho de plástico?

Vem cá, Bitu! vem cá, Bitu!/ Vem cá, meu bem, vem cá!

Não vou lá! Não vou lá, Não vou lá!/ Tenho medo de apanhar./

Quem é o adulto sádico que criou essa rima?

No mínimo ele espancava o pobre.

Bitu...

Marcha soldado,/ cabeça de papel!/ Quem não marchar direito,/ Vai preso pro quartel.

De novo: ameaça. Ou obedece ou se dana. Não é à toa que brasileiro admite tudo de cabeça baixa...

A canoa virou,/ Quem deixou ela virar,/ Foi por causa da fulana/ Que não soube remar.

Ao invés de incentivar o trabalho de equipe e o apoio mútuo, as crianças brasileiras são ensinadas a dedurar e condenar um semelhante. Bate nele, mãe!

Samba-lelê tá doente,/ Tá com a cabeça quebrada./ Samba-lelê precisava/ É de umas boas palmadas.

A pessoa, conhecida como Samba-lelê, encontra-se com a saúde debilitada, necessita de cuidados médicos, mas, ao invés de compaixão e apoio, a música diz que ela precisa de palmadas! Acho que o Samba-lelê deve ser irmão do

Bitu...

O anel que tu me deste/ Era vidro e se quebrou./ O amor que tu me tinhas/ Era pouco e se acabou...

Como crescer e acreditar no amor e no casamento depois de ouvir essa passagem anos a fio?

O cravo brigou com a rosa/ Debaixo de uma sacada;/ O cravo saiu ferido/ E a rosa despedaçada./ O cravo ficou doente,/ A rosa foi visitar;/ O cravo teve um desmaio, A rosa pôs-se a chorar.

Desgraça, desgraça, desgraça! E ainda incita a violência conjugal (releie a primeira estrofe).

Precisamos lutar contra essas lembranças, meus amigos!

Nossos filhos merecem um futuro melhor!

Comentários de Hélio Consolaro

Internautas não valorizam a autoria dos textos, por isso não se sabe quem é o verdadeiro autor dele. A crônica acima mostra a linguagem politicamente incorreta das canções de ninar do Brasil e como suas letras formam a baixa auto-estima das crianças.

A autora (ou autor) do texto, que trabalha como babá em Londres, ficou com vergonha de traduzir as letras para a criança de quem cuidara, pois as canções de ninar inglesas são suaves e falam de coisas bonitas, enquanto as nossas ameaçam a criança que não quer dormir com boi da cara preta, cuca e caretas.

Na verdade, a autora (ou autor) confundiu a classificação de algumas canções, classificando-as como de ninar. "Atirei o pau no gato", por exemplo, é cantiga de roda. Outro erro da autora, mais grave, foi ignorar a cultura brasileira e que as histórias das canções de ninar brasileiras eram cantadas por escravas (mucamas) aos filhos da sinhá.

A bem da verdade, ela não amava aquela criança. O seu trabalho era forçado, feito sem amor. E se escravos eram espancados, perseguidos, numa sociedade repressora ao extremo, as canções de ninar não podiam ser muito diferentes. Cada pessoa doa o que recebe.

Se as canções de ninar eram cantadas aos filhos dos senhores, não causaram efeitos maléficos, pois não considero que a elite econômica do Brasil tenha baixa auto-estima. Aliás, ela tem mesmo é o nariz bem empinado.

Essa discussão é semelhante àquela da influência dos filmes de violência exibidos pela tevê, se deixa ou não a criança violenta. Na verdade, quem deixa a criança violenta é a própria sociedade que o circunda, da qual ela é testemunha.

Apesar de a análise apresentada pelo texto ser bem feita, com inteligência, seu autor sofisma quando não considera os aspectos históricos, ignorando os componentes da nossa cultura e da alma dos brasileiros.

Há na autora (ou autor) o deslumbramento de brasileiro por aquilo que é estrangeiro. Não podia ser diferente, pois ela foi tentar a vida lá fora, não teve as oportunidades aqui. Embora a tendência do brasileiro que more por algum tempo exterior, seja valorizar o Brasil.

E, por último, quero dizer que apesar da linguagem politicamente incorreta de nossas canções de ninar e de roda, às vezes, com incentivo à violência, ensinando a maltratar os animais, não se educaram aqui George W. Bush nem Tony Blair.

sábado, março 04, 2006

Frase de quinta-feira

Tá um pouquinho atrasada, afinal, hoje é sábado. Mas era tão boa que valia a pena ser a frase da semana...

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo.....
isto é carência.

Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... isto é saudade.

Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... isto é equilíbrio.

Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida... isto é um princípio da natureza.

Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... isto é circunstância.

Solidão é muito mais do que isto.

Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.

(Chico Buarque de Holanda)