(Giselle Barreto Sampaio)
Há pouco tempo, ministrei aulas ("ministrar" é esquisito, né?) nos Cursos de Férias da Estácio. Meu curso era Roteiro para Teatro, Cinema, Documentário e TV. Preparei minhas aulas com todo o carinho, pois amo dar aulas, conhecer gente nova, trocar e aprender junto. Fiz até uma homenagem ao Maurício de Souza, o pai da Mônica, do Cebolinha, da Magali... Ele tem um filme com seus personagens chamado Cine Gibi. Para homenagear o pai do Cascão, eu apelidei meu curso e dei o título da apostila que elaborei de Cine Gigi.
E lá fui eu começar a "ministrar" as aulas.
Levei um baita susto!
Eu tinha alunos de 14 a 70 anos!
Todas as idades, todas as décadas, até as do século passado - e estou aqui contando comigo também - estavam ali! Imagina o quanto de histórias e experiências aquele povo lindo tinha para me contar e ensinar... Olha a inversão aí [...]. O pessoal da antiga como eu relembrando os clássicos. A turma de 20-30 anos falando dos blockbusters que marcaram suas vidas. E a garotada teen me falando de fazer filme com a câmera do celular. Fantástico! E as aulas foram maravilhosas. Mas eu percebia algo diferente em dois alunos. Não sabia explicar o que era. Os dois tinham sempre a expressão muito cansada. Eu percebia, apesar de os olhinhos dos dois quase não piscarem de tanta atenção que prestavam nas cenas de filmes, peças, documentários que eu exibia para ilustrar a matéria, que havia um tremendo esforço ali.
Em dias diferentes, na hora do intervalo, sozinha, para não constrangê-los, perguntei a cada um se havia algum problema com as aulas, com o meu método, se havia algo que eu pudesse fazer para deixá-los mais à vontade...
As respostas, mais uma vez, me fizeram descobrir novos heróis.
Um dos meninos trabalhava em loja de material de construção. Seu trabalho era carregar e descarregar - nas costas - sacos de cimento dos caminhões o dia todo. O outro era vigilante e ficava em pé, sol e chuva, durante 12 horas seguidas, no estacionamento de um shopping. Gente, carregar saco de cimento pra cima e pra baixo e ficar doze horas em pé sob um sol de 50 graus ou uma chuva nervosa e ainda ter disposição para assistir a uma aula sobre cinema e afins é coisa pra herói! E eu falei isso para eles dois. Falei para eles terem orgulho deles mesmos, pois quem trabalha pesado como eles e depois ainda vem para uma sala de aula sonhar, porque estudar alguma forma de arte é sonhar também, sim, eles eram heróis da mais alta estirpe. Heróis que conseguem mudar o mundo com uma imagem, um filme, uma peça, um documentário.
Que sorte que eu dei com meus alunos.
Eu é que tinha de pagar para eles. É gente assim que faz diferença no mundo e na vida da gente.
Prestem atenção às pessoas. Há uma história de vida em cada esquina.
Há pouco tempo, ministrei aulas ("ministrar" é esquisito, né?) nos Cursos de Férias da Estácio. Meu curso era Roteiro para Teatro, Cinema, Documentário e TV. Preparei minhas aulas com todo o carinho, pois amo dar aulas, conhecer gente nova, trocar e aprender junto. Fiz até uma homenagem ao Maurício de Souza, o pai da Mônica, do Cebolinha, da Magali... Ele tem um filme com seus personagens chamado Cine Gibi. Para homenagear o pai do Cascão, eu apelidei meu curso e dei o título da apostila que elaborei de Cine Gigi.
E lá fui eu começar a "ministrar" as aulas.
Levei um baita susto!
Eu tinha alunos de 14 a 70 anos!
Todas as idades, todas as décadas, até as do século passado - e estou aqui contando comigo também - estavam ali! Imagina o quanto de histórias e experiências aquele povo lindo tinha para me contar e ensinar... Olha a inversão aí [...]. O pessoal da antiga como eu relembrando os clássicos. A turma de 20-30 anos falando dos blockbusters que marcaram suas vidas. E a garotada teen me falando de fazer filme com a câmera do celular. Fantástico! E as aulas foram maravilhosas. Mas eu percebia algo diferente em dois alunos. Não sabia explicar o que era. Os dois tinham sempre a expressão muito cansada. Eu percebia, apesar de os olhinhos dos dois quase não piscarem de tanta atenção que prestavam nas cenas de filmes, peças, documentários que eu exibia para ilustrar a matéria, que havia um tremendo esforço ali.
Em dias diferentes, na hora do intervalo, sozinha, para não constrangê-los, perguntei a cada um se havia algum problema com as aulas, com o meu método, se havia algo que eu pudesse fazer para deixá-los mais à vontade...
As respostas, mais uma vez, me fizeram descobrir novos heróis.
Um dos meninos trabalhava em loja de material de construção. Seu trabalho era carregar e descarregar - nas costas - sacos de cimento dos caminhões o dia todo. O outro era vigilante e ficava em pé, sol e chuva, durante 12 horas seguidas, no estacionamento de um shopping. Gente, carregar saco de cimento pra cima e pra baixo e ficar doze horas em pé sob um sol de 50 graus ou uma chuva nervosa e ainda ter disposição para assistir a uma aula sobre cinema e afins é coisa pra herói! E eu falei isso para eles dois. Falei para eles terem orgulho deles mesmos, pois quem trabalha pesado como eles e depois ainda vem para uma sala de aula sonhar, porque estudar alguma forma de arte é sonhar também, sim, eles eram heróis da mais alta estirpe. Heróis que conseguem mudar o mundo com uma imagem, um filme, uma peça, um documentário.
Que sorte que eu dei com meus alunos.
Eu é que tinha de pagar para eles. É gente assim que faz diferença no mundo e na vida da gente.
Prestem atenção às pessoas. Há uma história de vida em cada esquina.
3 comentários:
Esse blog tá um paradeiro só...
tá mesmo...rs
ow, tenho conhecido tanta gente estranha... rsrsrs
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