Sinto o seu corpo ainda, de quando mal sabíamos o que era um corpo. O mundo tinha esse brilho bobo das coisas que acabam de nascer. Descobertas que engolíamos sem ver, sentir o gosto ou explicar: por que a fome não terminaria nunca? Nem ousaríamos perguntar. Talvez devêssemos? Agora não, já não importa mais. E na memória as nossas pernas não se entrelaçaram tanto, nem estreitamos tanto os nossos braços, nem respiramos o mesmo ar impregnado de suor, saliva, instintos e ternura. E fica essa impressão de que mal chegamos a nos conhecer; de que o toque era somente o reconhecimento de onde terminava um e se inventava o outro.
O que talvez seja exatamente o que se passou.
Ah, minha amiga, mas com quanta alma nos iludíamos sobre isso tudo!
O que talvez seja exatamente o que se passou.
Ah, minha amiga, mas com quanta alma nos iludíamos sobre isso tudo!
Lindo, triste... e copiado de diferença nenhuma